Dia Mundial Sem Tabaco alerta para os riscos dos Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs), que seduzem os jovens com sabores adocicados, mas escondem um vício perigoso
Nas festas, nas ruas, nos restaurantes. Por todos os lados. A fumaça ainda está presente, mas agora tem cheiro de morango, melancia ou menta. O cigarro mudou de forma e de marketing, mas o perigo permanece — talvez ainda mais disfarçado.
Os cigarros eletrônicos, também chamados de pods ou Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs), tornaram-se febre entre os jovens brasileiros. Pequenos, coloridos e com aparência tecnológica, eles passam despercebidos até mesmo por adultos e autoridades. Segundo o Caderno de Saúde da Fiocruz, cerca de 80% dos usuários desses dispositivos têm entre 18 e 34 anos.
Apesar de modernos, esses produtos não são inofensivos. A maioria contém nicotina — a mesma substância altamente viciante do cigarro convencional — além de uma combinação de aditivos e aromatizantes que podem trazer sérios danos à saúde. E o mais grave: muitos jovens iniciam o uso por curiosidade, sem saber que estão entrando em um ciclo de dependência.
“Comecei por curiosidade, todo mundo estava usando. Era moda. Mas agora estou tentando parar. Sinto falta o tempo todo”, conta um jovem de 22 anos. “Achei que seria mais fácil”.
Riscos ocultos
Apesar da popularidade, não existem evidências científicas de que os cigarros eletrônicos ajudem a parar de fumar. O Ministério da Saúde alerta que os níveis de toxicidade podem ser tão altos quanto os do cigarro tradicional, e o uso prolongado pode levar a doenças pulmonares, cardiovasculares e até câncer.
“Tem gente que acha que é mais seguro porque não tem cheiro forte ou parece mais limpo. Eu também achava isso. Mas o vício é o mesmo. Ou até pior”, afirma uma usuária de 19 anos.
A ilusão de segurança oferecida pelos sabores e pelo visual atrativo mascara o real perigo. O uso recorrente pode levar à dependência intensa e dificultar ainda mais o abandono do hábito.
O cigarro tradicional ainda resiste
Apesar do crescimento dos DEFs, o cigarro convencional ainda é amplamente consumido. Segundo o Ministério da Saúde, 10% da população adulta brasileira fuma regularmente. O tabagismo continua sendo uma das principais causas evitáveis de morte no mundo.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que o uso de tabaco seja responsável por mais de 8 milhões de mortes por ano. No Brasil, campanhas como o Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado em 31 de maio, buscam conscientizar a população sobre os impactos devastadores do fumo — tanto no aspecto físico quanto psicológico.
“Comecei a fumar cigarro mesmo. Hoje, uso o eletrônico e o tradicional. Queria parar, mas ainda não consegui”, relata um jovem de 24 anos. “A sensação é de que sempre tem algo te puxando de volta”.
Fumo passivo: o dano vai além do usuário
A fumaça do cigarro — tradicional ou eletrônico — também afeta quem está por perto. A exposição passiva ao fumo pode causar os mesmos problemas de saúde, principalmente em crianças, que têm maior sensibilidade a partículas tóxicas. Estima-se que 1,2 milhão de pessoas morram anualmente por doenças causadas pela exposição involuntária à fumaça do tabaco, incluindo 65 mil crianças.
Se antes o cigarro era um hábito adulto, hoje ele está cada vez mais presente entre os jovens, disfarçado de tecnologia e sabor. Mas os efeitos continuam — e a luta pela prevenção e conscientização se torna ainda mais urgente.