No dia 6 de agosto de 1984, Brusque vivia um dos momentos mais dramáticos de sua história. O que deveria ser apenas mais um inverno chuvoso transformou-se na maior enchente já registrada no município, deixando um rastro de destruição, milhares de desabrigados e marcas que permanecem vivas na memória coletiva até hoje.
Chuvas intensas e o transbordamento do Itajaí-Mirim
A tragédia teve início na noite do dia 5 de agosto. Chuvas constantes castigaram a região, e durante a madrugada, os volumes pluviométricos se intensificaram de forma anormal. O rio Itajaí-Mirim não suportou a carga e transbordou logo nas primeiras horas do dia 6. Em poucas horas, o centro de Brusque e diversos bairros estavam completamente alagados.
Segundo estimativas, mais de 20 mil pessoas ficaram desabrigadas — cerca de 43% da população da época. Praticamente nenhum ponto da cidade escapou. Casas, comércios, escolas, hospitais e indústrias foram invadidos pela água e cobertos por lama.
Prejuízos econômicos e sociais
O impacto da enchente de 1984 foi devastador para a economia local. De acordo com registros da época, 82 indústrias e 291 estabelecimentos comerciais foram afetados. Entre esses, 77 fábricas e 275 lojas precisaram interromper suas atividades. Aproximadamente 5.500 trabalhadores ficaram temporariamente sem emprego.
Além dos prejuízos financeiros incalculáveis, a cidade enfrentou problemas de abastecimento, transporte, comunicação e assistência à população afetada. Famílias inteiras ficaram desabrigadas e buscaram refúgio em escolas, igrejas e espaços públicos elevados.
A força da reconstrução
Apesar da tragédia, Brusque respondeu com coragem e solidariedade. Com o apoio do governo federal e a liberação de recursos emergenciais — como o uso do FGTS — a população iniciou um processo intenso de reconstrução. Famílias se reergueram, comércios voltaram a funcionar, e um novo ciclo de desenvolvimento começou a surgir.
O episódio também foi um marco para a reorganização do tecido urbano e da defesa civil. A tragédia expôs a vulnerabilidade da cidade diante de eventos climáticos e impulsionou ações futuras de prevenção e planejamento.
Legado e memória
A enchente de 1984 permanece como uma cicatriz e, ao mesmo tempo, como símbolo de superação. Diversas iniciativas buscam preservar essa memória, como o documentário “Quando as Águas Baixaram”, lançado em 2019 com relatos de sobreviventes e imagens históricas.
O acervo fotográfico do site Brusque Memória também documenta em detalhes o impacto da enchente, permitindo que novas gerações entendam a dimensão do ocorrido e reforcem a importância de se preparar para catástrofes ambientais.