Na madrugada de 30 de julho de 1949, Brusque amanheceu chocada com a notícia da morte de Ivo José Renaux, herdeiro de uma das famílias mais tradicionais da cidade. O corpo do jovem industrial foi encontrado na Villa Ida, mansão da família localizada em uma colina nos arredores da Fábrica de Tecidos Carlos Renaux. Ele apresentava um tiro na cabeça. Ao lado da cama, um revólver calibre .32.
Na casa, apenas sua esposa, Dagmar Sylvia Krieger, estava presente. Segundo relatos, ela tentou acalmar as empregadas dizendo que o barulho ouvido era apenas a queda de um quadro. A polícia foi acionada, e o caso rapidamente ganhou destaque na imprensa catarinense. O que se seguiu foi um dos julgamentos mais comentados da história local.
O JULGAMENTO
Dagmar foi formalmente acusada de assassinato. O julgamento durou 16 horas, mobilizando advogados renomados e provocando comoção em Brusque. No entanto, ao final, ela foi absolvida por unanimidade, com base no princípio jurídico “in dubio pro reo” — ou seja, na ausência de provas concretas e testemunhas, a decisão deve favorecer o réu.
Apesar da absolvição, a dúvida nunca foi apagada: foi um assassinato? Um suicídio? Ou algo ainda mais obscuro?
A VILLA IDA E OS FANTASMAS DO PASSADO
Décadas depois, o casarão onde tudo aconteceu ainda permanece de pé. A Villa Ida foi adquirida pelo grupo Havan, mas mantém suas características históricas e uma aura de mistério que atrai curiosos e apaixonados por histórias não resolvidas.
Em 2017, uma fotografia tirada por uma família em frente à mansão causou alvoroço nas redes sociais. Um estranho reflexo, semelhante a uma silhueta humana, apareceu em uma das janelas — embora o imóvel estivesse completamente vazio. Pouco tempo depois, a mesma família relatou ter ouvido barulhos inexplicáveis, como o de objetos se chocando, dentro da casa. Relatos semelhantes surgiram de outros visitantes ao longo dos anos.
A HISTÓRIA VIVA
O caso de Ivo Renaux já foi tema de livros, como “Tragédia e Mistério na Villa Renaux”, de João Carlos Mosimann, e “Um Tiro na Colina”, do jornalista Otávio D’Ávila Timm, além de peças teatrais e reportagens especiais.
Hoje, a Villa Ida continua sendo parte da memória coletiva da cidade — um lugar onde o passado ainda parece sussurrar nos corredores silenciosos, e onde a dúvida permanece mais viva do que nunca.